O DIA EM QUE PILOTEI UMA EMBARCAÇÃO
- Consequência
Este relato é em homenagem aos meus filhos e
sobrinhos que acompanhei o crescimento deles, que devem ter vivido alguma aventura(travessura).
Concorda comigo Reinaldo Júnior?
Meu pai Raymundo Sales Araújo (DIDICO) amigo,
companheiro, um pai bastante participativo com os filhos e SEMPRE nos ofereceu o
lazer, levando ao arraial durante os festejos do círio de Nossa Senhora das
Graças aqui em Icoaraci para diversão nos brinquedos e jantar no salão
paroquial, duas vezes durante a festividade. Com ele, ainda menino, fui ao estádio
“Evandro Almeida” (Baenão) ver jogos do Remo. Não media esforços para levar nas
excursões de ônibus as praias de Salinas e Marudá. Lembro, ainda de uma
excursão a Benfica. Relevante mesmos eram os passeios de barco as praias do
Redentor, Rosalina, Brasília, Outeiro, bem como diversas vezes até Benfica e as
pescarias no furo do rio Maguari.
Com relação ao barco, ele era sócio com o tio
Barnabé, irmão da mamãe. A embarcação tinha uns 10(dez) metros de comprimento,
com aproximadamente 2(dois) metros de largura, todo em madeira de lei, sem
cobertura, nas laterais internas tinham umas tábuas fortes colocadas que serviam para
os passageiros ficarem acomodados, com a capacidade de aproximadamente 25(vinte
e cinco) pessoas. Primeiro o barco pertencia ao papai e ao tio Barnabé e ainda tinha
MOTOR DE POPA "ARCHIMEDES" 12 HP – ANTIGO 2 CILINDROS
("BOXER") 2 TEMPOS, depois a sociedade foi desfeita e o papai ficou
com o barco e o motor. A embarcação servia para os passeios já frisados,
levando as famílias do papai e do titio, além de outros que apareciam. Na época
da sociedade a embarcação fazia o transporte de passageiros no sentido praia do
cruzeiro/praia do outeiro/praia do cruzeiro, passando pelas praias do Redentor,
Rosalina, Brasília. A chegada ao Outeiro se dava pela travessia de Balsa no
início da rua Dois de Dezembro aqui em Icoaraci, apanhando em seguida o ônibus que
levava até a Vila, que ainda não tinha sido levado a categoria de distrito.
Existia a opção das embarcações que faziam o mesmo trajeto ou que saiam direto
a praia, no mesmo sentido das que saiam da praia de Icoaraci.
Os dias de transporte de passageiros ocorriam
aos sábados, domingos e feriados, o comandante da embarcação era o tio Barnabé,
o meu primo Paulo, pai do Hulk, Damião, Piano, Paulinho e Terezinha era o
piloto, os ajudantes eram o Derinho e o Eduardo “Beiço de Burro”. Eu
ia ajudar no serviço sem compromisso, em busca de passageiros na praia que
pretendiam ir para Outeiro, recebendo do tio Barnabé um dinheirinho, suficiente
para a minha melhor diversão que era o cinema.
No mês de julho de 1973 veio a minha aventura(travessura).
Na época eu tinha 18(dezoito) anos. O barco e o motor já pertenciam ao papai. O
barco ficava sempre amarrado em uma das árvores que ficavam em frente a “Olaria
do seu Zito”, que existia no começo da praia do Cruzeiro e o motor guardado no
comércio do papai e hoje pertence ao meu irmão Raimundo (Uxi) na rua Padre
Júlio Maria próximo a travessa Pimenta Bueno. Veio a ideia de ir à praia do
Outeiro no barco com amigos, todos jovens. Como fugir da vigilância do papai?
Não era difícil, pois, ele trabalhava em regime
de turno, ou seja, em um dia ele entrava no serviço 06 horas e saia 12 horas,
no dia seguinte entrava 12 horas e saia 18 horas, na sequência ele ia 18 horas
e saia 00hs por fim no dia seguinte entrava 00horas e saia 06 horas.
Aproveitando o dia em que ele ia trabalhar no horário das 12 horas as 18 horas
e ele saia de casa normalmente 11 horas, convidei os amigos para a façanha, uns
15(quinze), apanhando o motor no local em que ficava, conduzindo em um carrinho
de mão exclusivo para esse feito, levado até a praia. Retiramos o barco do
local onde estava atracado, trouxemos até a praia, acoplamos o motor na popa no
barco, colocamos a gasolina e pronto. Dei a partida e lá fomos nós a aprazível
praia do Outeiro, eu ia todo pomposo pilotando o barco. Chegamos na praia e
ficamos até as 16 horas, aproximadamente, pois teríamos que chegar antes do
papai voltar do trabalho. Dei partida no motor e retornamos para Icoaraci,
entretanto, com uns 5(cinco) minutos o motor parou ainda em frente a Outeiro.
GRAÇAS A DEUS. No final digo a razão desta expressão. Tentei por diversas vezes
fazer funcionar e nada, não veio desespero, mas, tínhamos que chegar em
Icoaraci. Não lembro se tínhamos remos e tomamos a medida de pular na água, empurrar
o barco até o seu destino, chegar antes do retorno do papai e conseguimos,
amarrando o barco na mesma árvore, devolvendo o motor para o seu local, ficando
em silêncio para que o papai jamais soubesse dessa aventura(travessura).
Sempre existe MAS. No dia eu teria que ficar no
pequeno comércio do papai depois das 18 horas até fechar, substituindo um dos
meus irmãos que ali estava. O papai quando retornava do emprego dificilmente
deixava de ir ao comércio e neste dia ele compareceu. Estava tudo transcorrendo
bem, porém, antes de fechar o comércio chegou a notícia de que o barco estava a
deriva no rio, ou seja, não deixei amarrado como encontrei, evidente que não tinha
mais como esconder o meu feito. O papai conseguiu com que o barco chegasse até
a praia do Cruzeiro, desta feita não ficou amarado e sim deixado na areia, em
frente ao antigo Tabocão, onde ocorria movimentação noturna todos os dias com
músicas, danças, mulheres. Eu já tinha 18(dezoito) anos como disse acima, mas
não tinha a maioridade que só acontecia aos 21(vinte e um) anos, por certo,
como castigo, a CANHOTINHA do seu Didico não iria funcionar, entretanto, ele
determinou que eu ficasse a noite toda vigiando o barco na praia e assim foi feito, só retornei para casa pela
manhã, aproveitando a música que vinha do Tabocão sem poder ali adentrar em
razão da menoridade.
GRAÇAS A DEUS que mencionei acima. Quando o
motor parou, no meio do rio, eu já tinha antes e por diversas vezes avistado
pedras no meio do rio no percurso Icoaraci/Outeiro e naquele dia avistei muito
mais pedras. Ora, a minha aventura(travessura) não deixou que eu observasse
esse detalhe e que com a maré baixa as pedras aparecem, eu não tinha conhecimento
técnico por onde navegar, ou seja, corri o risco de acidente, pois o barco poderia
ir de encontro as pedras e o acidente seria inevitável.
FIQUEM COM DEUS
Comentários
Postar um comentário