O CAMPINHO, O BIQUINHO E O TARTARUGA
- vida de menino
Todo menino tem a sua história e cada um no seu
tempo. Poderia relatar o meu tempo de menino, dos meus sobrinhos, da minha
neta, mas vou focar do meu tempo como referência anos 60 e início dos anos 70.
Nos anos sessenta para começar a televisão era escassa, poucas casas tinham um
aparelho e os meninos e meninas se encontravam naquela casa e o dono onde tinha
o aparelho não se omitia de receber a criançada. O certo é que as diversões
eram inúmeras como exemplo pião, peteca (bolinha de gude), empinar papagaio ou
curica(pipa), time de botão, carrinhos com latas de leite, jogar futebol.
Naquele tempo o que não faltava era uma área
disponível para a prática do futebol nos quintais das casas, no meio da rua,
sempre de improviso, mas tinha aquele tradicional perto de casa, poderia
aparecer outro, só que sempre acabava naquele onde a maioria ou todos para lá
convergiam. Aqui me refiro ao que ficava localizado na rua Padre Júlio Maria
entre as travessas Pimenta Bueno e Cristovão Colombo, hoje Lopo de Castro, no
meio do quarteirão com acesso pela Rua Padre Júlio Maria, Rua Quinze de Agosto,
Travessa Pimenta Bueno e Travessa Cristovão Colombo. O campinho era mais usado
pela Turma da Padre Júlio Maria e da Pimenta Bueno e o ingresso pela Padre
Júlio Maria se dava principalmente ao lado da casa do Seu Lino e Dona Glorinha,
estes pais do Sílvio(biquinho), Paulo, Bacurau e Ivone.
Começa aqui as aventuras para chegar no campinho,
pois, na casa do Seu Lino e da Dona Glorinha tinha um cachorro, cor amarela e
branca, pequeno, mas que colocava todos para correr. Antes de chegar no
campinho. primeiro procuraria saber se o “biquinho” estava preso, caso
contrário tinha que colocar sebos na canela e correr, com o “biquinho” correndo
atrás dos meninos e algumas vezes levava até a cacimba que existia um pouco
adiante do campinho. Só evitava o canino quando estava preso. Como o gosto pelo
futebol era maior do que evitar o “biquinho”, não tinha jeito, enfrentávamos
correndo com o animal atrás.
O futebol era a melhor diversão entre os
meninos e não tinha horário para o início de um jogo, depois das 09hs da manhã
até o último raio do sol que anunciava o fim da jornada diária. Os intervalos
eram acompanhados de buscas por frutas nos terrenos ao redor do campinho, era
farto encontrar ingá, abiu, jaca, cupuaçu, banana, taperebá, este deixava o
chão todo amarelo do fruto que caia das árvores. Ainda aproveitava o banho na
cacimba que ficava próximo ao campinho.
Os terrenos não tinham cercas, com exceção do
terreno do seu Ascendino, mais conhecido como “Tartaruga”, que ninguém se atrevia
a chama-lo pelo apelido, pois os palavrões já estavam na ponta da língua do “Tartaruga”.
A bola quando caia no terreno dele, não retornava quando ele estava por perto e
era o fim do jogo. Como revolta pulávamos a cerca para apanhar as frutas que
tinham no terreno, claro que ele não deveria estar por perto.
O campinho era ponto de encontro não só de
meninos, os adultos usavam sempre, deixando as preliminares para os mais novos.
Durante uma partida sempre ocorria uma disputa, aposta, quem perdesse pagaria a
aposta, normalmente era chopinho, comprados em casa, pois a mamãe fazia para
venda. Foi um tempo inesquecível, vivo na memória de quem usufruiu. Voltar no
tempo é VIVER.
FIQUEM COM DEUS
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